Ransomware

Ransomware e o Custo da Inação

ESCRITO POR:

Henrique de Souza

09/12/2025

Cibersegurança

Ransomware deixou de ser um problema técnico. Hoje, ele representa uma ameaça estratégica, com impacto direto na continuidade das operações, na saúde financeira das empresas e na confiança que clientes e parceiros depositam na marca.

A evolução desse risco nos últimos anos é tão expressiva que instituições como o Departamento do Tesouro dos Estados Unidos passaram a tratá-lo como prioridade nacional. Um relatório recente da Financial Crimes Enforcement Network, US Treasury analisou dados oficiais de incidentes entre 2022 e 2024 e trouxe números que deveriam provocar uma reflexão profunda em qualquer liderança. Em 2023, por exemplo, os pagamentos de ransomware atingiram um recorde histórico de 1,1 bilhão de dólares. Mesmo em 2024, após operações internacionais que desarticularam grupos importantes, como ALPHV e LockBit, os volumes de ataque se mantiveram extremamente elevados.

Essas estatísticas deixam claro que não estamos diante de eventos pontuais. Estamos diante de uma indústria criminosa global, que opera com eficiência, escala e inovação, muitas vezes mais rápido do que as empresas conseguem responder.


Ransomware como indústria global e a nova realidade dos ciberataques

O relatório da FinCEN revela que o ransomware se consolidou como um negócio altamente lucrativo para grupos criminosos. Não se trata mais da figura do “hacker isolado”, e sim de organizações profissionais, estruturadas, com divisão de funções, modelos de afiliação, metas internas e capacidade de operação global. Algumas contam, inclusive, com atendimento “humanizado” para negociar resgates, suporte técnico para as vítimas e sistemas complexos de monitoramento.

Os setores mais impactados, como serviços financeiros, saúde e manufatura, expõem um padrão preocupante. São segmentos críticos, com operações que não podem parar, alta dependência de sistemas digitais e dados sensíveis. Quando um hospital, por exemplo, tem seus sistemas bloqueados, não estamos falando apenas de interrupção financeira, mas de risco direto à vida humana. Quando uma indústria para, cadeias inteiras são afetadas. Ainda assim, nenhum setor está imune. A digitalização acelerou benefícios, mas ampliou também a superfície de ataque.

O custo oculto dos ataques e por que o resgate é a menor parte do problema

E o impacto financeiro vai muito além do valor pago no resgate. Muitas empresas ainda calculam “custo de ataque” considerando apenas essa cifra. Porém, na realidade, ela representa apenas uma fração do dano total. Interrupção operacional, paralisação de vendas, perda de produtividade, queda na confiança de clientes, multas, ações judiciais, desgaste reputacional e esforço de reconstrução tecnológica compõem uma equação infinitamente maior. Há empresas que, mesmo sem pagar resgate, levaram meses para retomar o ritmo normal. Outras nunca se recuperaram completamente.

Esse cenário reforça uma mensagem essencial. Segurança não é um gasto isolado, mas parte integrante da estratégia de continuidade e do modelo financeiro da empresa. Organizações que tratam segurança como centro decisório, e não como apêndice do setor de TI, conseguem reduzir perdas, aumentar resiliência e operar com muito mais previsibilidade.

Essas empresas investem em inteligência de ameaças, possuem processos maduros, integram equipes de segurança ao planejamento estratégico, testam cenários, treinam pessoas e estão preparadas para reagir com velocidade. Não se trata de ter “a ferramenta mais cara”, mas de construir uma cultura que entende que segurança está diretamente ligada à saúde do negócio.

E existe um outro ponto que ainda recebe pouca atenção, mas que deveria estar na mesa de qualquer diretoria. Segurança também gera vantagem competitiva. Em um cenário onde ataques se tornaram quase inevitáveis, a empresa que consegue manter suas operações mesmo diante de tentativas de invasão já começa o jogo na frente. Quando um concorrente enfrenta paralisação e você permanece operacional, isso se traduz em oportunidade de mercado, fortalecimento de marca e confiança ampliada. Segurança, nesse sentido, deixa de ser apenas defesa e passa a ser instrumento de posicionamento.

A evolução dos criminosos digitais e a urgência da preparação empresarial

Ao observarmos a velocidade de evolução dos grupos criminosos, fica evidente que o jogo mudou. Eles compartilham técnicas, compram acessos, usam inteligência artificial para criar campanhas mais convincentes, exploram vulnerabilidades minutos após sua divulgação e tratam extorsão como um processo replicável. Enquanto isso, muitas empresas ainda operam com controles fragmentados, processos desatualizados e uma percepção de risco que não corresponde à realidade atual.

Esse desalinhamento entre ameaça real e preparação interna é, hoje, um dos maiores pontos de vulnerabilidade das organizações.


Conclusão

A pergunta que toda liderança precisa se fazer já não é se a empresa será alvo de um ataque, mas qual será sua capacidade de resistir quando o ataque acontecer. A inação não é mais uma opção. A ausência de preparação tem um custo, e ele cresce a cada trimestre.

Esperar o incidente para agir é transferir ao acaso uma responsabilidade que pertence à liderança. Segurança deixou de ser um componente operacional e passou a ser parte essencial da arquitetura financeira e estratégica de qualquer empresa que pretende crescer com consistência e longevidade.

Este é um convite para decisões corajosas. Decisões que reposicionam a segurança como pilar de negócio. Decisões que protegem pessoas, dados, operações e o futuro da marca.

Se existe um momento para redefinir prioridades, este momento é agora. Os números mostram que hesitar custa mais caro. A mudança necessária não exige perfeição imediata, mas começa por uma decisão. A decisão de não aceitar que sua empresa navegue em um cenário tão hostil sem preparo adequado.





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