
O Mito da Proatividade em Cibersegurança: Por Que a Maioria das Organizações Erra

ESCRITO POR:
Henrique de Souza
30/08/2025
Cibersegurança
Falar em ser proativo em cibersegurança é comum, mas muito raro na prática. Muitas organizações confundem a simples antecipação de ações, como aplicar patches ou executar exercícios com verdadeira proatividade. Sem verificação de impacto, essas ações se tornam meramente performáticas, sem reduzir o risco real de forma consistente.
Atividade ≠ Impacto
Se você trabalha com segurança, sabe como pode parecer que faltam horas no dia para dar conta das tarefas. Contudo, o problema não é a falta de ação — é fazer muitas ações sem saber o que realmente importa. Quando as prioridades são definidas por checklists de compliance, prazos de auditoria ou ruído técnico (como CVSS), isso sobrecarrega equipes, drena orçamentos e transforma painéis em vitrines que parecem robustas — mas não refletem redução efetiva de riscos.
Proatividade é fazer o que importa primeiro, na velocidade da tecnologia, e comprovar que isso reduziu riscos.
A Bússola da Cibersegurança: Uma Abordagem Cíclica
O Método SentiEL apresenta cibersegurança não como ações isoladas, mas como um sistema integrado e iterativo, centrado em três fases:
Gestão de Risco Cibernético
É o ponto de partida. Aqui, decisões são tomadas com base em risco real — e não em suposições ou pressões externas. A proatividade se manifesta na capacidade de priorizar com clareza e verificar continuamente se as ações estão, de fato, reduzindo a exposição. É onde as escolhas ganham propósito.
Detecção e Resposta
Nesse estágio, a diferença entre reatividade e proatividade está na inteligência aplicada. Não basta receber alertas — é preciso filtrá-los com contexto, triá-los com precisão e responder com agilidade. Times maduros atuam com foco no que realmente ameaça o negócio, evitando ruído operacional.
Resiliência Cibernética
Após um incidente, o objetivo não é apenas restaurar o que foi perdido, mas aprender com o que ocorreu. Organizações proativas tratam a recuperação como uma oportunidade de fortalecimento. O que define a maturidade aqui é a capacidade de priorizar a retomada com base no impacto real ao negócio e incorporar esse aprendizado ao processo estratégico.
Essas fases operam em sintonia, apoiadas por Pessoas, Processos e Tecnologias:
Ser proativo não é só reduzir riscos — é preparar o sistema para operar com clareza, velocidade e controle mesmo quando algo falha.
Ciclo Completo: Antes, Durante e Depois da Crise
1. Antes do Incidente
Identifique ativos críticos e avalie vulnerabilidades com base em risco real.
Priorize ações que mudam o jogo, não apenas reduzem o ruído.
Valide que essas ações realmente diminuem a exposição ao risco.
2. Durante o Incidente
Seu time responde com foco, sabendo exatamente o que proteger.
As ações são mais rápidas, certeiras e alinhadas ao impacto de negócio.
3. Após o Incidente
A recuperação é estratégica, não apenas restauradora.
O aprendizado é incorporado ao ciclo de melhoria contínua, fortalecendo sua resiliência.
Proatividade é Disciplina, Não Declaração
Em cibersegurança, não basta declarar que você é proativo — é preciso operacionalizar isso com contexto, método e mentalidade contínua:
Atue com inteligência contextual, não apenas com volume de controles.
Detecção e resposta só são eficazes com foco e relevância.
Resiliência real se constrói a partir do aprendizado ativo após incidentes.
Como diz o artigo:
“O que não é definido, não pode ser medido. O que não é medido, não pode ser melhorado.”
Conclusão
A verdadeira vantagem competitiva não está na quantidade de controles, mas na precisão, consistência e confiança com que você reduz o risco cibernético — em tempo real e em escala. Essa é a nova definição de ser proativo no mundo real da segurança digital.