
A Ameaça Mais Subestimada do Mundo Corporativo

ESCRITO POR:
Henrique de Souza
10/04/2025
Cibersegurança
Mesmo com todos os avanços tecnológicos em segurança digital, o phishing segue sendo, ainda hoje, uma das ameaças mais eficazes e recorrentes enfrentadas por empresas de todos os tamanhos. Engana-se quem pensa que esse tipo de ataque é coisa do passado ou que está limitado a e-mails mal escritos com links suspeitos. A realidade é que o phishing evoluiu — e continua evoluindo — de forma silenciosa e perigosa, tornando-se uma das estratégias preferidas por cibercriminosos para obter acesso inicial a ambientes corporativos.
A Sofisticação dos Ataques de Phishing
Atualmente, os ataques de phishing são altamente personalizados. Cibercriminosos utilizam dados públicos, vazamentos anteriores e inteligência artificial para criar mensagens quase impossíveis de distinguir de uma comunicação legítima. Essas mensagens não se limitam mais ao e-mail: chegam por WhatsApp, LinkedIn, SMS e plataformas de colaboração corporativa. Muitas vezes, o invasor sabe exatamente com quem está falando, qual o cargo da vítima e até com quais ferramentas digitais ela trabalha. O phishing tornou-se, portanto, uma engenharia social precisa e altamente eficaz.
O Erro Não Está no Clique
Um dos equívocos mais comuns nas estratégias de segurança corporativa ainda é responsabilizar o colaborador pelo clique. Continuar culpando o usuário por cair em um golpe bem arquitetado é não apenas ineficaz, mas contraproducente. Empresas que adotam uma abordagem punitiva, centrada apenas em treinamentos reativos, estão deixando de enxergar o verdadeiro problema. A falha não é individual — ela é sistêmica. O desafio está em ambientes que não foram projetados para absorver erros humanos inevitáveis sem comprometer toda a estrutura.
As Consequências de um Acesso Comprometido
Um único clique pode ser o ponto de partida para um ataque devastador. Grande parte dos incidentes de ransomware começa com um simples e-mail de phishing. As credenciais roubadas são frequentemente utilizadas para acessar serviços em nuvem, mover-se lateralmente dentro da organização e alcançar dados sensíveis. Em muitos casos, os próprios sistemas da empresa — como e-mails, chats e drives compartilhados — são utilizados pelo atacante para se camuflar e continuar agindo sem levantar suspeitas.
A Nova Abordagem: Sistemas que Protegem Pessoas
A resposta mais eficaz não está apenas em treinar melhor, mas sim em construir sistemas mais inteligentes, preparados para falhas humanas. Segurança moderna exige que ambientes corporativos sejam projetados com o erro humano como parte do cenário. Isso significa adotar métodos de autenticação que vão além de senhas, como passkeys e MFA adaptativa, capazes de reagir ao contexto de cada acesso.
Também é fundamental que os sistemas consigam identificar comportamentos suspeitos, bloquear sessões automaticamente e acionar alertas em tempo real. Simulações de phishing, quando usadas com foco educativo e não punitivo, podem apoiar essa cultura. Mas o mais importante é levar a segurança para perto de onde o risco realmente acontece: nos dispositivos, nas plataformas SaaS, nas rotinas diárias dos times operacionais.
Segurança Como Fator de Confiança
Empresas que compreendem o phishing como um risco real e contínuo estão mais preparadas para proteger seus ativos e sua reputação. A grande virada de chave está em entender que a segurança não precisa ser invisível — ela pode e deve ser percebida como valor. Quando os colaboradores se sentem protegidos e envolvidos nas decisões, e quando os sistemas de segurança funcionam de forma intuitiva, reforçando boas práticas sem gerar atrito com o dia a dia, o resultado é um ambiente mais seguro, mais produtivo e com menos incidentes.
Conclusão
Não se trata mais de impedir cliques — trata-se de impedir impactos. A ameaça do phishing não desapareceu — ela se transformou. Continuar tratando esse problema com velhas soluções é um risco que nenhuma organização pode correr. Em vez de tentar controlar o comportamento das pessoas, as empresas precisam construir ambientes que absorvam erros com resiliência e inteligência.
No fim das contas, proteger pessoas é proteger o negócio. E essa é, sem dúvida, a responsabilidade mais estratégica que um líder pode assumir.